As águas não levaram nossa determinação
Lembrança triste. 01 de
novembro de 1961, fomos surpreendidos durante a noite pelas águas da maior
enchente da história da cidade. A água subia tão depressa que não houve tempo
para que as pessoas salvassem sequer seus pertences.
A USATI, usina de açúcar
que funcionava na cidade nessa época, acionou a sirene pedindo socorro aos
funcionários, pois a água invadira o edifício. Na escuridão da noite ouvíamos
muitos gritos de socorro em meio aos barulhos que os objetos faziam ao
chocarem-se uns co os outros, enquanto eram carregados pela correnteza.
Não era possível sair nem
de barco, pois a escuridão era tamanha que impossibilitava qualquer tentativa.
Animais passavam,
carregados pela correnteza junto com toras de árvores, móveis, utensílios e
outros pertences dos moradores. Só quem presenciou o acontecimento sabe o medo
e a angústia que passamos.
Quase toda a cidade ficou
debaixo d’água. As poucas casas que possuíam dois pavimentos, ou aquelas que se
localizavam em alguma parte mais alta da cidade, abrigavam os flagelados.
Lembro-me quando chegaram
helicópteros para prestar socorro às vítimas, muitos jamais haviam visto nada
parecido com aquilo e ficavam espantados. Filas eram formadas para receber a
ajuda necessária.
Quando a água abaixou, o
cenário era aterrorizante, havia lama por toda parte, animais mortos, móveis,
comida, bens valiosos, tudo carregado pela água. A cena era de devastação por
toda parte. A enchente trouxe muitos prejuízos para todos.
Mas a cidade se reergueu
com o tempo. Se a enchente tivesse acontecido com o propósito de testar a garra
e a coragem do povo batistense, poder-se-ia dizer que fôramos aprovados no
teste.
A cidade foi reconstruída
com a força e a determinação do povo.
Texto do aluno José Augusto Marquato Hoffmann
(Memória da Sr.ª Rozane Terezinha de Campos
Hoffmann,59 anos.)
Escola: EEB Lídia Leal Gomes – São João Batista
Parabéns
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